Opinião | Ainda que as Artes Visuais tenham relação com a visão, é expressão e se cria com o corpo inteiro

No campo das artes visuais, não só os nossos sentidos estão em ação, como o corpo inteiro. E para isto, o corpo livre e com seus sentidos precisa de espaço, precisa se movimentar, precisa ver, precisa sentir e experimentar partindo de diferentes ângulos e lugares. Precisa também das pranchetas, dos cavaletes e das paredes. Uma sala sem possibilidades de movimentos e trânsitos internos limita a criatividade, a originalidade, a iniciativa, as trocas e as combinações de ideias entre os estudantes e professores.

Por que buscamos consolidar o ateliê de desenho? Por que os espaços de ateliês precisam ser versáteis? Porque, sendo assim, contribuem para o trânsito de ideias e dos estudantes, para a criatividade, originalidade, iniciativa, discussão de projeto, aceitação de sugestões, troca de experiências, verificação de procedimentos, assim como, para a compreensão da imprevisibilidade do processo criativo. Salas de disciplinas práticas, no contexto das artes visuais, com número excessivo de estudantes e pranchetas, não permitem este movimento e versatilidade, pois ao invés de criar relações entre os estudantes e seus professores isolam cada um em seus lugares.

Ateliê é espaço de experimentação, produção e manipulação de diferentes materiais. Sua versatilidade proporciona a organização do espaço de diferentes maneiras e de acordo com a produção individual de cada estudante, seja ela em pequenos, médios ou grandes formatos. O ambiente de ateliê possibilita o trabalho prático individual e coletivo partindo de discussões interpretativas e contextualizadas sobre o trabalho e seu processo.

Ateliês são espaços de relações, de opiniões conflitantes, de autonomia, de reflexões críticas e de autocríticas. É no ateliê que o processo criativo do estudante passa a ter visibilidade. É um local de pesquisa, de escuta e formação expressiva. Ainda que o professor tenha autonomia sobre critérios em relação à produção dos estudantes, são estes últimos os responsáveis que decidem suas trajetórias de buscas e fruições.