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Galeria da FAV recebe exposição do Sertão Negro

Por Renato Cirino. Em 01/06/23 16:42. Atualizada em 01/06/23 18:34.

Sementes sertanejas pode ser visitada a partir do dia 02/06 com entrada gratuita

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Rafael Vaz, Bispo do Rosário, Acrílica sobre Algodão Cru, 50 x 77 cm, 2022, Foto: Paulo Rezende

*as fotos das obras fornecidas foram editadas para melhor visualização na internet

Nesta sexta-feira, 2 de junho, às 19 horas, a Galeria da Faculdade de Artes Visuais da UFG, a Galeria da FAV, abre a exposição Sementes Sertanejas, que reúne quinze artistas residentes, estagiárias e colaboradores do Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. Neste espaço de pertencimento é que tais artistas, de diferentes estados brasileiros e também de Honduras, compartilham o cotidiano e os vínculos nos quais se cultivam novas narrativas e poéticas.

Deste modo, Sementes Sertanejas apresenta obras, estudos e processos de criação que imaginam outros mundos possíveis, pintam identidades apagadas, falam sobre corpos violentados, pensam a história a partir do cotidiano e da ancestralidade de matriz africana, questionam a hegemonia cisheterossexual, costuram o feminino e os sonhos, propõem outras masculinidades, falam das potências políticas dos afetos e das relações sociais.

“Essa exposição evidencia o interesse da Galeria da FAV em estabelecer parcerias e trocas com artistas da cidade e com a produção local, visto que se trata de um espaço de extensão que abre as portas para a comunidade” ressalta o professor Glayson Arcanjo, coordenador da Galeria da FAV/UFG. Ele acrescenta ainda que, “a participação desse grupo de artistas do Sertão Negro, um espaço independente, significa a oportunidade de, trazer para o ambiente universitário a possibilidade de refletir sobre processos de criação, de pensar novas formas de fazer arte em Goiânia".

Sertão Negro

Idealizado pelo artista visual Dalton Paula (egresso do curso de Artes Visuais da UFG), o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes foi criado em 2021 e em 2022 iniciou efetivamente suas atividades, que incluem residências artísticas, aulas de capoeira, cerâmica, gravura e sessões do Cineclube Maria Grampinho, além de eventos que destacam a cultura e a tradição afro-brasileira. Localizado no Setor Shangry-la, na região norte de Goiânia, esse ateliê e escola constitui-se em uma ação artística no contexto da arte contemporânea brasileira.

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Òkun, Olho d'água, Técnica mista sobre tela, 90 x 60 cm, 2021

Clique aqui e saiba um pouco mais sobre os e as artistas participantes da exposição

Serviços

O que: Abertura da Exposição “Sementes Sertanejas”
Quando: Sexta-feira, 02/06/23, às 19 horas
Onde: Galeria da FAV (UFG Campus Samambaia)
Custo: Entrada Gratuita

Contato: Ceiça Ferreira (Comunicação Sertão Negro - 62 998482122)

Créditos

EXPOSIÇÃO SEMENTES SERTANEJAS:

Artistas:
Abraão Veloso, Augusto Cesar, Eve
Cruvinel, Gabriela Chaves, Genor
Sales, Jhony Aguiar, lía vallejo, Lucélia
Maciel, Manuela Costa Silva, Matheus
de Souza, Òkun, Rafael Vaz, Tor
Teixeira, William Maia, Xica. Anderson Ferreira

Produção:
Anderson Ferreira
Glayson Arcanjo
Sertão Negro

Curadoria, Expografia, Texto
Curatorial, Design Gráfico:
Sertão Negro

Montagem:
Clara Cavalcante, Giovanna Peixoto, Glayson Arcanjo, Rafaela Rodrigues,
Sertão Negro, Stella Vitória Vieira de
Urzedo, Thaysa Alarcão

Comunicação:
Emanuel Barcelos, Rafa Dourado,
Sertão Negro

 

Conheça os e as artistas participantes da exposição

Abraão Veloso (@abraiawn)

Nascido em Ipatinga/MG e bacharel em Artes Visuais pela  Escola de Belas Artes da UFMG, Abraão Veloso é um artista interessado no cotidiano, no afeto, na representação de corpos negros e na criação de relações composicionais com linhas, por meio das quais propõe relações entre essas figuras, fios e ambientes afetuosamente pastéis. Atualmente ele vive e trabalha em Goiânia; é assistente de arte no Sertão Negro.  

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Abraão Veloso, Cada trança tem uma curva, Tecelagem em lã, 55 x 83 cm, 2022

Augusto Cesar (@aug.cezzar)

Augusto Cesar é natural de Barra do Garças/MT, vive e trabalha em Goiânia. Mestrando em Educação, Arte e Cultura Visual (FAV/UFG); é gravador e pesquisador do campo da cultura visual e da gravura no Ateliê Livre de Gravura (coletivo goiano). Em sua produção, o artista explora os processos de gravação, a produção de livros e zines, assim como entremeios das técnicas tradicionais e pesquisas em meios alternativos de gravação e impressão.

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Augusto Cesar, Carniça I, Ponta Seca sobre papel, 50 x 65 cm, 2022

Eve Cruvinel 

Por meio do desenho e da pintura, a artista desenvolve investigações acerca da solidão da mulher negra. Com o uso de elementos e cenários surreais, ela compõe narrativas visuais fantásticas que abordam a inter-relação entre a escassez afetiva e o racismo estrutural. Eve Cruvinel é artista visual, ilustradora e figurinista. Nascida em Goiânia (GO), cursa Artes Visuais (Bacharelado) na Universidade Federal de Goiás (UFG) e faz estágio no Sertão Negro. 

eve cruvinel- à procura de conforto na acidez
Eve Cruvinel, À procura de conforto na acidez, Desenho digital impresso em papel telado, 30 x 21 cm, 2023

Gabriela Chaves (@agabrielachaves)

A artista tem investigado a relação entre a costura e o corpo feminino, reflete sobre as violências que incidem sobre esse corpos e o lugar da  mulher na trama social, política e íntima. Por meio da fotoperformance, desenhos e objetos do próprio corpo, ela confronta o silêncio e a rigidez, criando fissuras e suturas nesse disciplinamento social e psíquico. Gabriela Chaves é graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG).

gabriela chaves - detalhe do processo
Gabriela Chaves, Detalhe de processo, 2023

Genor Sales (@genooor)

O artista está desenvolvendo a pesquisa “Peixe fora d’água”, na qual utiliza as técnicas de aquarela e xilogravura; além de trabalhos que nadam pela cerâmica e costura com escamas de peixe, abordando questões alimentares, sociais e raciais através da subjetividade de um animal que nada na terra. Natural de Goiânia, Genor Sales é graduando em Artes Visuais - Licenciatura pela UFG, é pesquisador musical e atua como DJ na cena cultural goianiense desde 2018.  

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Genor Sales, Lata de sardinha, Cerâmica, 9 x 4 x 2,5 cm, 2022

Jhony Aguiar (@jhonyagu1ar)

Natural de Marabá (PA), Jhony Aguiar vive e trabalha em Goiânia há 22 anos; é bacharel em Artes Visuais pela UFG e investiga práticas em vídeo, fotografia e performance como processo de experimentação e emancipação do corpo, enquanto homem negro e gay. Na instalação “Aterramento”, o artista utiliza terra e elementos sonoros para abordar as relações de afeto e intimidade.

 jhony aguiar - detalhe processo
Jhony Aguiar, Aterramento, Terra, alto-falantes e reprodução sonora, 0,5 x 200 x 200 cm, 2023

lía vallejo (@lialamalia)

Sapatrans não binarie nascido em honduras migrante em Goiânia. lía vallejo é artista visual, performer, designer gráfico e  mestrande  em Comunicação (UFG). Cofundador e integrante de @lamaricada.colectiva e artista residente de Sertão Negro. Sua obra apresenta uma perspectiva decolonial e TRANScestral como parte de um processo de cura pessoal a partir de suas lembranças de infância como um menino curioso trans não binário.

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lía vallejo, Macho Escroto, Videoarte, 3’24’’, 2023

Lucélia Maciel (@lucelia___maciel)

A artista ancora sua pesquisa e poética artística em memórias de infância, vividas no interior da Bahia, na região da Chapada Diamantina. Usando a lamparina como metáfora, ela aborda as desigualdades étnicas, sociais e de gênero. Bacharela em Artes Visuais pela FAV/UFG, Lucélia Maciel é assistente de arte no Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. 

lucélia maciel - aparição II
Lucélia Maciel, Aparição II, Fotografia, 60 x 45 cm, 2020

Manuela Costa Silva (@_manuelacostasilva)

A artista desenvolve sua produção por meio da percepção das imagens emanadas pelas águas profundas do inconsciente. A partir do espelhamento da natureza interior e exterior, a artista desenvolve sua poética, que articula vida e morte, sonho e realidade, veneno e cura, sagrado e profano, desejo e magia. Manuela Costa Silva (Goiânia, 1993) é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (2018).

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Manuela Costa Silva, Remanso, Vestido de Laise, Bordado “Tereza, eu morri e morrer é bom, 110 x 47 cm, 2020

Matheus de Souza (@desouzaoriginal)

Nascido em São Paulo (SP), o artista visual Matheus de Souza é graduando em Pintura (UFRJ), com mobilidade acadêmica em Artes Visuais (UFG) e também estuda na Escola de Artes do Parque Lage. Atualmente desenvolve pesquisa pictórica centrada no debate afro-surrealista acerca da contemporaneidade e suas relações midiáticas. A partir da Pop Art e de símbolos nacionais questiona valores imagéticos, como luxo, ganância, revolução e religião.

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Matheus De Souza, #1, Óleo Sobre Tela, 30 x 62 cm, 2023

Òkun (@0kun_)

Òkun é uma artista visual autônoma de Goiânia. Graduanda em Artes Visuais pela UFG, é artista residente no Ateliê e Escola de Artes Sertão Negro e integrante do coletivo Nacional TROVOA. Seus trabalhos se encontram na pintura, ilustração e colagem digital; transitando por temáticas como memória, espiritualidade e pertencimento, a artista pratica e pesquisa o termo “Pintura de Encruzilhadas”, sob um olhar afro-diaspórico de terreiro de Umbanda e Kimbanda de Lei.

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Òkun, Olho d'água, Técnica mista sobre tela, 90 x 60 cm, 2021

Rafael Vaz (@rafaaelvaz)

Altamirense de nascença, Rafael Vaz mora há 12 anos em Goiânia, onde começou suas experimentações artísticas com poesia, lambes, performance, pintura e outras linguagens da arte contemporânea; participou de saraus e publicou zines independentes. Também aqui se reconheceu artista e em 2017, ingressou no curso de Artes Visuais da UFG.

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Rafael Vaz, Bispo do Rosário, Acrílica sobre Algodão Cru, 50 x 77 cm, 2022, Foto: Paulo Rezende

Tor Teixeira (@tor.teixeirarte)

Trabalhando entre a pintura sobre diferentes suportes, como escultura, tatuagem e docência em artes, Tor Teixeira questiona o atual modelo de masculinidade e a partir de símbolos visuais imagina um renascer das ruínas, em consonância com o pensamento decolonial e em simbiose com a biodiversidade. O artista vive entre a Cidade de Goiás e Goiânia, onde é assistente e residente no Sertão Negro; é graduado em Artes Visuais - Licenciatura (IFG-Cidade de Goiás, 2022) e em Design de Moda (UFG, 2015).  

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Tor Teixeira, Detalhe do processo, Óleo sobre tela, 2023.

William Maia (@owilliammaia)

William Maia é um artista nascido no Rio de Janeiro em 1997, cujo trabalho é profundamente influenciado pela cultura negra, combinando elementos do catolicismo popular, da umbanda e do candomblé para criar um universo estético único em suas pinturas de diversos formatos e suportes. Graduado em Pintura pela UFRJ,  William também explora outras mídias, como desenho, escultura, instalação, objetos e audiovisual.

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William Maia, Série Firma Ponto: Camarão que dorme, a onda leva, Acrílica, spray, posca, sobre tela, 90 x 90 cm, 2022

Xica (@xica.artes)

Gravadeira de poéticas astrais e ancestrais, a artista é mestranda em Arte e Cultura Visual pela FAV-UFG, onde também tornou-se bacharela em Artes Visuais. Sua pesquisa é intimamente ligada a sua vivência na Umbanda e Santo Daime. A partir da etimologia da palavra latina “matriz”, que significa mulher, fêmea grávida, Xica compreende as matrizes de gravura como fêmeas prenhas, produtoras de vida para as mensagens gravadas nas pedras, na madeira e nos metais.

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Xica, Coração l: Salão de Santo Daime, Impressão sobre cetim 100x75, 2022. Foto: Paulo Rezende

Fonte: Ceiça Ferreira com diagramação de Renato Cirino | Comunica FAV

Categorias: Notícias FAV exposição Sertão Negro