
FAVoritis | Estudante da FAV ganha concurso para mascote do Parque Mutirama
Matheus Rezende é o criador de Dinotrilho, um Braquiossauro laranja de olhos verdes e cabelo de montanha-russa

No dia 01/07, o aluno do 5° período do curso de Licenciatura em Artes Visuais, Matheus Rezende Lima (20), teve seu trabalho premiado no concurso realizado pela Prefeitura de Goiânia para a escolha do primeiro mascote do Parque Mutirama, atração pública inaugurada em 1969. A premiação ocorreu no próprio parque, onde o estudante compareceu com o atual prefeito Rogério Cruz, sob cobertura jornalística da Record TV Goiás.
Durante cerca de dois meses, entre aproximadamente 500 obras inscritas no processo seletivo, dez propostas foram selecionadas com base em critérios de temática, criatividade e qualidade estética. Dessa remessa, apenas quatro passaram pelo crivo do prefeito da capital goiana, elegendo-as enquanto finalistas no concurso. Uma votação on-line no perfil do Instagram do Parque Mutirama - @mutiramagyn - revelou a preferência do público por Dinotrilho, personagem digital criado por Matheus.

O DINOTRILHO

Os principais elementos de inspiração para Matheus, durante a criação do Braquiossauro Dinotrilho, foi a exposição permanente de réplicas de dinossauros e a montanha-russa existente no parque. Para o estudante, esses são os dois os elementos imagéticos que marcam o Mutirama. Sobre a composição, o discente destaca:
“Faço uma relação entre o tamanho do pescoço [do dinossauro], com a altura que a montanha-russa do parque alcança, mas também coloco esse brinquedo como se fosse o cabelo do mascote, que simula um penteado punk para brincar com a ideia de uma criança travessa, que não costuma obedecer às regras”.
O “penteado punk” referido pelo artista é uma referência aos moicanos usados pelos membros da subcultura punk, cuja origem é datada da década de 70 no Reino Unido e EUA, que se espalhou pelo mundo ao longo dos anos, permanecendo até hoje. O moicano, para os adeptos desse agrupamento cultural, é uma forma de expressão de liberdade, tanto individual quanto coletiva.

Porém, apesar das evidentes referências visuais, o dinossauro ilustrado também é composto por experiências e memórias afetivas de Matheus advindas de sua relação com o Mutirama. Ele conta que várias mudanças do espaço de lazer, incluindo acontecimentos públicos, foram incluídos nos traços da ilustração.
Tais acontecimentos são, por exemplo, os diversos acidentes que já aconteceram no parque. De modo subliminar, as rodas no penteado do dinossauro remontam a essa problemática, como uma forma de relembrar as tragédias ocorridas por lá. Esse aspecto subjetivo da criação é tão importante, que Matheus “não conseguiria entregar o trabalho sem ele”.

A representação das referências visuais a partir de experiências pessoais revelaram ser um desafio para o aluno da FAV. Ainda que ele desejasse ser vitorioso no concurso, com uma proposta que agradasse a banca, havia um questionamento sobre a escolha do estilo de ilustração e a receptividade da sociedade. Ele escreve que tanto sua técnica quanto suas escolhas estéticas “não costumam agradar muitas pessoas”.
Ainda assim, com apreensão e receio, a proposta de Matheus foi exitosa. O fato de ser premiado no concurso do Parque Mutirama em conjunto com a Prefeitura de Goiânia, revelou, para ele, que “tudo que aprendi sobre arte até agora é algo real, que a teoria conversa com a realidade e que eu não sou tão doido (sic.) assim”. Apesar de temerário no início, o discente reconhece a felicidade em ter a sua proposta aceita pela banca e pelo público votante.
NEM SÓ DE IMITAÇÃO VIVE A ARTE
Em sua trajetória, o graduando afirma ser motivado principalmente pelo alargamento da compreensão que a arte pode trazer para a vida social. “Um pouco diferente do ditado ‘A arte imita a vida’, creio que usamos a arte para entender a vida e o processo contrário também é válido”. Sendo assim, aquilo que, às vezes, pode não estar claro em palavras ou verbalizações, é melhor aferido pelo trabalho artístico-visual.
A princípio, Matheus esteve focado em produzir obras com viés crítico bem definido, procurando expor problemas sociais e mazelas. Contudo, de acordo com ele, uma mudança foi necessária, pois aquela primeira perspectiva o afastava da sensibilidade que tinha sido alcançada com a arte. Seu objetivo, agora, é buscar a experimentação, inventando novos estilos próprios. Este caminho foi escolhido por ele no intuito de aumentar sua aprendizagem, seja em âmbito prático como teórico, para então abordar temas mais complexos e delicados.

Ao pensar em seu horizonte enquanto docente, o futuro professor se empolga e diz que gostaria de utilizar a arte como uma ferramenta capaz de despertar a consciência e a visão crítica daqueles que entrarem em contato com ela. “A arte seria um escudo que eu entregaria para que meus alunos pudessem reagir e se defender das injustiças da vida”, revela.
Inspirado pelo reconhecimento e visibilidade ocasionados pelo concurso do Parque Mutirama, Matheus espera que essa seja não somente a primeira, mas uma das várias vitórias a serem angariadas por ele em sua jornada.

Serviço
Instagram de Matheus: @matheussaur
Instagram do Parque Mutirama: @mutiramagyn
FAVoritis é uma série voltada para a divulgação de projetos e manifestações artísticas autônomas realizadas por pessoas que pertencem à Comunidade da Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFG).
*Piter Salvatore é estagiário do curso de Jornalismo orientado pelo jornalista Renato Cirino e pela professora Luana Borges.
Fonte: Renato Cirino e Piter Salvatore*
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