eXtêncil | Semana Integrada do Design - seintegra!

PARTILHAS, APRENDIZADOS, ARTE

A Semana Integrada do Design (seintegra!) é um projeto de extensão com o objetivo de reunir — principalmente — universitários e profissionais da área que residam na capital goiana para cinco dias de produção e troca de saberes.

O evento acontece pela manhã e à tarde, cada dia em uma instituição diferente, em uma espécie de rodízio. As atividades consistem em oficinas, jogos, palestras, mesas redondas, debates e outros tipos de ações coletivas.

Embora o foco seja os estudantes, as atividades são abertas ao público externo, independente da formação ou grau de instrução. Sendo assim, o evento prevê duas maneiras de participação: comissão organizadora ou encontrista.

Comissão organizadora: pessoas que coordenam e conduzem as ações dentro do evento por categorias. Para esta opção, é necessário atender aos critérios dispostos em um edital montado pela direção, disponibilizado digitalmente na internet.

Encontrista: aluno de design ou quem mais se interessar em ir aos encontros. Neste caso, a participação é viabilizada por meio de ingressos previamente adquiridos.

Os fundos arrecadados com a venda dos bilhetes são destinados para a cobertura de gastos e para promover edições futuras, já que a iniciativa estudantil é independente e não conta com qualquer tipo de financiamento.

Na edição de 2023, pessoas interessadas em participar enquanto encontristas devem se atentar às publicações no perfil do Instagram, @seintegra. Nele são publicadas as datas, valores e todas as informações referentes ao evento.

ENTRE TRAÇOS E PROPÓSITOS

A direção da seintegra! muda todos os anos. Em 2023, ela é composta por Luísa de Castro Freitas (23) e Anna Gabriela Alves dos Santos (26), graduandas do 7º período do curso de Design Gráfico, da Faculdade de Artes Visuais, da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). Também participa da diretoria a aluna Ana Maria Gonçalves de Almeida e Souza (24), acadêmica do 8º período Design Pleno na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).

As estudantes são responsáveis pela gestão administrativa e logística durante todas as fases do evento. Elas lideram as comissões, marcam reuniões, atribuem funções às equipes, além de realizar a prospecção de possíveis patrocínios.

Contudo, as discentes percorreram um longo caminho antes de ingressarem no evento enquanto gestoras. Pela própria fisiologia do projeto, Luísa e Anna Gabriela foram encontristas por dois anos e, somente em 2022, junto com Ana Maria, ingressaram em uma das comissões, tornando-as organizadoras da seintegra!. Essa trilha permitiu às atuais gestoras a aquisição de uma vasta experiência a partir das múltiplas posições e olhares sobre o projeto.

E, não por acaso, desde 2018, as mulheres passaram a dominar a cúpula administrativa, sendo a maioria predominante nos cursos de Design na FAV, de acordo com o portal Analisa UFG (https://analisa.ufg.br/p/32229-graduacao).

UMA LIDERANÇA NADA FRÁGIL

A presença de mulheres na organização da seintegra! é uma das suas características há, pelo menos, quatro anos. Em entrevista, Luísa e Anna Gabriela destacam que, em 2019, apenas uma estudante conduziu toda a direção do projeto.

Trata-se de Letícia Araújo Luiz (25), bacharela em Design Gráfico pela FAV/UFG (2022). A sua participação na seintegra! data de 2017, quando esteve presente como encontrista. Em 2018 e 2019, participou enquanto organizadora, nas comissões de Gestão e Financeiro.

“A ideia da liderança vem de dois fatores: ser de Gestão e ser entrosada com os estudantes. No caso, eu era extremamente entrosada com os calouros na época, o que contribuiu bastante em ser vista como ‘líder’ para além da organização interna da comissão” comenta Letícia.

Em 2022, das 35 pessoas as quais, inicialmente, integraram as comissões, ao menos 8 saíram e 27 permaneceram; 22 eram mulheres. Somando-se às três gestoras atuais, o número sobe para 25.

A respeito da sua experiência na direção nos últimos anos, Luísa de Castro destaca:

“É cansativo e você precisa abrir mão de outras coisas, mas, quando a gente vê a quantidade de pessoas que conseguimos tocar através (sic.) do evento, e como isso pode mudar um pouquinho que seja a vida delas, tudo vale a pena. O que eu mais gosto é estar rodeada de pessoas que têm a mesma paixão que eu, é ver os alunos empolgados com alguma coisa”.

A paixão de Luísa não é incontingente. Isto porque, um dos organizadores do Ato Gráfico I - Semana Integrada de Design (2010), que influenciou diretamente a criação da sintegra!, foi Marcos Costa de Freitas, bacharel em Artes Visuais (1996 - FAV/UFG) e pai de Luísa. Naquele ano, ele, professor da Faculdade Senac Goiás, em conjunto com Wagner Bandeira, da FAV/UFG, e Felipe Chalfun, da PUC, prepararam o terreno para que, mais tarde, os estudantes pudessem pavimentá-lo.

A TRAGÉDIA GRÁFICA - ATO I

Apesar de transcorridos dez anos desde a realização do evento que viria a integrar institucionalmente as faculdades de Goiânia que possuíam cursos de Design, o professor Wagner Bandeira, do curso de Design Gráfico da FAV/UFG, lembra bem do cenário de introspecção e segregação da época.

A memória pode não ser mais a mesma, mas, de acordo com ele, “não havia integração [ou, se existia, era tênue] entre as instituições” e continua, “um exemplo disso eram nossas bancas de defesa de TCC [da FAV] que aconteciam de forma endógena”.

Sendo assim, para o professor, que havia passado pela PUC-GO e Senac entre os anos de 2007 e 2009 e era recém-chegado na UFG na FAV em abril de 2009, a participação de pessoas de outras instituições só acrescentaria à formação acadêmica dos estudantes.

Em similar raciocínio, Marcos Costa faz um relato pungente sobre a cena do design em Goiânia no mesmo período abordado por Wagner. Para o professor da Senac, desde 2007, as “pessoas disputavam espaço, quase sempre levantando suspeição dos cursos de outras faculdades. Havia muitos atritos, muitos questionamentos da legitimidade dos cursos. Essa questão foi debatida em reunião do Colegiado de Design na Faculdade Senac Goiás, pois éramos o curso mais vulnerável, a faculdade era nova, pequena, os cursos eram superiores tecnológicos (uma modalidade pouco conhecida” aponta o docente.

Ainda nessas circunstâncias, segundo Wagner, as instituições realizavam seus eventos dedicados ao design de forma “autônoma e isolada”. Porém, ele tinha em mente que o fortalecimento profissional dos futuros e das futuras designers seria perpassado pela conexão com outras realidades acadêmicas e de mercado. Assim, juntos, Wagner (FAV/UFG), Marcos Costa (SENAC) e Felipe Chalfun (SENAC e PUC-GO - in memorian) resolveram mudar o status quo da conjuntura acadêmica do design em Goiânia.

Mais do que uma data simbólica para comemorar o Dia Mundial do Design Gráfico, o dia 27 de abril de 2010 foi quando as animosidades e discrepâncias entre os cursos de design seriam atenuadas. Entrava em execução o Ato Gráfico I - Semana integrada de Design, que, durante três dias, mesclou experiência de mercado com a formação acadêmica promovida pelas instituições.

Marcos Costa relembra que a programação era composta por “oficinas, mesas redondas e palestras”, nos moldes de estrutura e formato do que viria a ser a seintegra! no futuro. A influência do primeiro evento no desenvolvimento e criação do segundo é evidente, tanto pela característica itinerante do evento, quanto pela presença constante do professor e designer, Marcos Lotufo, participante do Ato Gráfico e da seintegra!, ao servir de exemplo para o elo entre o evento organizado pelos docentes em 2010 e o trabalho dos discentes em 2013.

Os relatos mostram: é inegável a importância da realização do Ato Gráfico I - Semana Integrada de Design na vida dos discentes os quais realizaram a Semana Integrada de Design. Prof. Marcos lembra que, durante a realização do Ato Gráfico I, “o movimento estudantil estava forte e ansioso por protagonismo”, aspecto confirmado por Igor Aguiar (29), um dos organizadores da primeira seintegra!:

“O movimento estudantil de design de Goiânia contou com o Ato Gráfico (2010), que reuniu mais estritamente estudantes da área de Design Gráfico, e com o R Goiânia (2011), para o qual os responsáveis pelos centros acadêmicos de design existentes na época dedicaram a maior parte de seus esforços”, relembra o estudante.

Apesar da importância dos professores das respectivas instituições e da utilização do mesmo nome entre os projetos, já que ambas representavam um desejo por uma maior integração na área do design, não significa que o evento organizado pelos discentes seja a continuação do Ato Gráfico I. Isso porque, tanto a estrutura, a realização e os objetivos dos eventos eram distintos.

CHEGOU CHEGANDO E VEIO PARA FICAR

O fortalecimento do movimento estudantil e as necessidades acadêmicas estiveram no âmago do embrião do que viria a ser a Semana Integrada do Design - seintegra!. Além dos desafios da criação de um evento de grande porte para e pelos estudantes, Igor Aguiar, graduado em Design Gráfico pela FAV/UFG em 2014, um dos fundadores e organizadores da seintegra!, desabafou:

“É sempre difícil ser levado a sério como estudante, por isso, a comissão precisava se impor com organização e intenção. O evento precisava trazer conteúdos relevantes para atrair parte do público, ao mesmo tempo em que precisávamos integrar os estudantes em dinâmicas de interação e atrair também quem buscava mais a socialização”.

De modo a viabilizar o evento, para além de uma excelente estruturação e arranjo de pessoal, o designer conta que foi necessário a contribuição e apoio dos docentes, muitos deles por trás do Ato Gráfico I. A experiência prévia dos educadores auxiliou os estudantes a tornarem possível o evento. Igor ressalta que,

“os coordenadores, à época, dos cursos de Design dessas faculdades prontamente apoiaram os organizadores com os trâmites e os ofícios iniciais necessários para liberação dos prédios, auditórios, salas e equipamentos para a realização do evento, e a comissão seguiu para contatar os patrocinadores, palestrantes, oficineiros, participantes de mesas de discussão, cases, bazares, desfile e locais para as integrações e a festas de encerramento, divulgar o evento, vender os pacotes e organizar as atividades”, finaliza o egresso da FAV/UFG.

Porém, o apoio fornecido esteve à frente de questões de logística e burocracias. Renato Mesquita (34), graduado em Design Gráfico na FAV/UFG em 2016, encontrista em 2013 e organizador da seintegra! em 2014 e 2015, enfatizou a contribuição de professores por meio do “suporte para execução das atividades, incluindo a aquisição de recursos de sinalização e material gráfico”.

De acordo com Renato, esse apoio foi essencial para lidar com os desafios abordados e impostos ao evento. Assim como Igor Aguiar, Renato Mesquita indicou a “inexperiência em lidar com as instituições, provar a importância da semana e a conciliação do tempo entre a vida acadêmica com a vida profissional” como as condições mais complexas e de difícil completude.

A despeito dos desafios, Renato pôde concluir que as conquistas adquiridas em 2014 e 2015 foram consistentes com o que se propunha no início e primeiro evento da Semana Integrada do Design. A possibilidade de “troca de experiências, uma unidade maior entre os estudantes e o fortalecimento da imagem dos discentes de design com as instituições, inclusive de outros estados” foi a marca registrada da ação.

Na primeira seintegra!, Igor Aguiar e Paula Leocádio, em conjunto com outros estudantes fundadores, também pensavam em fortalecer a relação entre os universitários. Em vídeo-entrevista postada no Youtube em 2017, a dupla aborda os bastidores os quais fomentaram o histórico do evento e seus desdobramentos.

Segundo eles, em 2013, o desejo dos fundadores era agregar os estudantes das faculdades de Design de Goiânia em um só movimento e viabilizar o networking. Isto, porque cada instituição possuía sua própria semana acadêmica, sem um corpo unificado que pudesse reunir a comunidade designer da capital. As realidades de cada curso eram bastante distintas, e havia um desejo, por parte dos discentes, de trocarem experiências entre si, assim como conhecerem mais do ambiente universitário de cada lugar.

Durante esse período, uma parcela da comunidade estudantil das três faculdades que, a princípio, compunham o evento — UFG, PUC e Senac — já começava a estabelecer alguns laços fora do ambiente acadêmico. Após o Encontro Regional de Estudantes de Design (R Design), realizado em Brasília/DF em 2012, surgiu a ideia entre os futuros diretores de criar um evento local equivalente para integração dos veteranos e novatos dos cursos, na tentativa de aproximar também as universidades.

Paula revela que boa parte das reuniões eram feitas no Centro Acadêmico de Design da PUC, e que o processo de organização não contou com um planejamento tão metódico. Ao contrário, havia uma atmosfera de fulgor para a conclusão do projeto, e uma espontaneidade a qual acompanhou a equipe organizadora em todos os encontros antes da concretização da seintegra!.

“A gente era um bando de estudante: ‘vamos fazer um evento!’ Tá, a gente vai ter que aprender a mexer com financeiro, vai ter que aprender a gerir as coisas, organizar tabelas de horários vai ter que falar com patrocinador. É uma preparação que você vai usar isso como pessoa pro resto da sua vida, você se forma, além de criar um evento, você se cria”, atesta Igor.

A dupla salienta a capacidade que o evento teve de unir iniciativas já existentes com as novas atividades pensadas para a seintegra!, incluindo o aproveitamento dos materiais que já eram produzidos pelos cursos da área de design. Por exemplo, vários vestidos utilizados no evento FAV Fashion, organizado pelo curso de Design de Moda da UFG, foram utilizados em atividades da sintegra!.

No que concerne à gestão e à criação da marca do evento, em vídeo promocional da edição de 2017, é mencionado que a escolha da cor laranja buscava representar um “espírito de vitalidade e expansão”, aspectos cuja iniciativa buscava naquele período. Além disso, é evidenciado que a tonalidade trazia “a energia e o dinamismo” associados ao conceito o qual a equipe queria repassar.

Por fim, os fundadores destacam o papel de agregação que o projeto pode possibilitar, como expressado por Igor: “Quando você entra calouro, perdido, e conhece a galera que está organizando o evento, os veteranos, conhece os calouros da sua sala, todo mundo, você faz parte de uma coletividade que contribui demais para sua formação tanto como designer, quanto como pessoa”.

Dessa maneira, desde o seu surgimento, o projeto caminhou com a finalidade de atender às necessidades estudantis. Ainda que professores participem casualmente de algumas atividades, por vezes apenas como orientadores ocasionais, o foco está direcionado para as demandas do cotidiano dos e das estudantes.

ÍMPETO ACADÊMICO

A perspectiva de “estudantes para estudantes” garante a quem participa uma experiência fidedigna em relação ao cotidiano acadêmico e possibilidades disponíveis no horizonte do mercado de trabalho. Por isso, além de promover a conexão entre instituições distintas, buscando alianças no setor público e no privado, a seintegra! aumenta o leque de opções de práticas mercadológicas dos futuros e das futuras profissionais.

Nesse sentido, a coordenação dá preferência para que os alunos ministrem os conteúdos das atividades durante o evento. “É uma oportunidade dos estudantes aprenderem além da sala de aula", destaca Ana Maria, diretora pela PUC-GO. “Por ser uma profissão não regulamentada, estamos suscetíveis a um mercado de trabalho pouco valorizado”, arremata a organizadora.

O reforço do protagonismo estudantil é a estratégia que as diretoras encontraram para trabalhar a autoestima e a união entre discentes. Afinal, tão importante quanto o mercado de trabalho é a vivência na academia. Sobre isso, Anna Gabriela escreve:

“Eu espero que a gente consiga despertar essa vontade [de participação] em outras pessoas, para que o evento não caia no esquecimento e seja possível fortalecer mais o movimento estudantil e, principalmente, estreitar a conexão entre os estudantes”, conclui a graduanda.

A tática da organização para estreitar laços entre teoria — adquirida durante os estudos —, e a prática, ainda em desenvolvimento, é a possibilidade dos próprios estudantes ofertarem, durante o evento, ações que promovam a troca de conhecimento. Estas podem ser oficinas, jogos, debates ou ações de qualquer natureza, desde que objetivem a integração da práxis entre discentes.

PINCELADAS ANTERIORES

Desde a criação da seintegra!, os encontros contam com diversas categorias de atividades que podem ser alteradas a cada nova edição. Isso porque, as ações são propostas por pessoas da comunidade que desejam ofertar atividades, relacionadas à área do design, que possibilitam a troca de conhecimentos.

Na última realização, em 2022, houve oficinas de máscaras e aquarelas. Laboratórios com uso de softwares como Blender — aplicativo de criação 3D — e impressões em três dimensões. Para fechar o conteúdo programático, foram ofertadas palestras, debates e apresentações de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

O processo de proposição de atividades é realizado por meio de formulários eletrônicos e prevê uma série de condições que devem ser cumpridas pelo(a) proponente. Mesmo com a liberdade temática e não restrição de formação, é necessário que a ação esteja sistematizada com apresentação de métodos, justificativa, necessidades espaciais e instrumentais detalhadas.

A norma é rigorosa para garantir a melhor experiência possível aos e às encontristas. Após checagem da organização, as comissões iniciam o trabalho para viabilizar as atividades da seintegra!. Esse formato, de seleção de atividades, permite a realização de um evento mais diversificado. Letícia Araújo destaca a variedade da edição de 2018:

“Tivemos oficina de turbante, padronagem, gravura, lettering, encadernação, conteúdos abordando vida pós faculdade, conversas sobre vivência LGBT, vida acadêmica e a pressão dela... também tivemos o desfile como um dos momentos de auge, marcas casuais e até vestidos de festa! Recebemos mais ou menos 150 pessoas”.

Contudo, as participações nas atividades não revelam todo o trabalho que há por trás de viabilizá-las. Todo o desempenho demanda um rigoroso processo prévio de planejamento e operacionalização.

ANTES DE TUDO ACONTECER

Pessoas interessadas em propor uma atividade, devem responder a um formulário específico que a organização da seintegra! disponibiliza há alguns meses antes do evento. Após submissão, basta a/o interessada(o) aguardar a análise das gestoras. Os critérios que mais pontuam na seleção são a formação do realizador, o objetivo da ação, quais materiais serão usados e como a atividade será executada.

Vale salientar: não é necessário ter formação em áreas de atuação específicas, embora um nível de conhecimento formal seja vantajoso na procura do melhor perfil. O principal aspecto analisado é se a iniciativa tem preceitos artísticos e se ela se enquadra nas diversas linhas de atuação do Design — interiores, ambientes, moda, gráfico, entre outras.

A expectativa das organizadoras é que a natureza das atividades seja equilibrada durante os dias do evento. Caso existam ofertas de uma maior quantidade para um tipo, elas buscam compensar a programação com ações diferentes. Se em uma determinada edição há um número considerável de palestras, elas tentarão sugerir oficinas, e vice-versa.

Um arranjo metódico, contudo, não é suficiente para conduzir integralmente o projeto. Embora, no ano passado, tenham sido promovidas 70 atividades, entre oficinas, palestras e debates, ainda há empecilhos a serem superados.

TONALIDADES DESLIZANTES

“A Seintegra só existe porque tem alunos interessados em fazê-la acontecer todos os anos”, reitera Anna Gabriela. Em todas as edições, a falta de patrocínios e o orçamento escasso prejudicam o pleno funcionamento da iniciativa.

Atualmente, o maior custo tem sido a confecção das camisetas usadas pelos encontristas durante as atividades da Semana Integrada do Design e a aquisição do material para a realização das oficinas. As camisetas, em conjunto com outros itens, compõem o tradicional kit fornecido pela organização do evento. Todo ano ele apresenta uma novidade. ”Já é uma coisa que eles [os encontristas] esperam", diz Anna.

A camiseta não é um simples acessório. É ela quem cria a identificação com o evento a partir da movimentação estudantil. Ela faz parte do que é a seintegra!. No ano passado, a equipe organizadora precisou criar a vestimenta à mão com seus próprios equipamentos e recursos, situação que culminou na redução de algumas possibilidades para o evento.

Por isso, a direção está aberta e convida a sociedade e as instituições a apoiar a iniciativa, na intenção de manter a configuração atual e poder ampliá-la ainda mais. ”O patrocínio é capaz até de deixar o evento mais acessível financeiramente para os encontristas”, frisa Ana Maria.

Outros esforços apontados pelas coordenadoras são a necessidade de transporte — a maioria utiliza os próprios veículos — e o fato de precisarem repensar a logística do evento em cada universidade. Muitas vezes é necessário montar a estrutura várias vezes, considerando a disposição dos espaços dentro das faculdades e a oferta de condições adequadas à execução das atividades.

Diante de tantas dificuldades, é necessário interesse genuíno por parte da direção. Letícia ainda relembra de seus momentos como gestora:

“Os eventos [da seintegra!] foram os únicos trabalhos em grupo que realmente gostei de fazer na faculdade. [...] simplesmente porque acreditávamos no projeto e confiávamos uns nos outros pra fazer algo legal e acessível para os outros. Era tudo pra mim”.

Esse sentimento de pertencimento combinado com outras sensações possibilitam um clima de entusiasmo, cooperação, dedicação e envolvimento entre os participantes. Aspecto este, que dá vazão para que o projeto evolua a cada edição.

NO HORIZONTE DAS EXPECTATIVAS

As organizadoras da seintegra! esperam, portanto, por um público maior em 2023, com a promessa de que a Semana Integrada do Design será melhor arquitetada e mais dinâmica, contribuindo para uma atmosfera proveitosa e mais fidedigna ao cotidiano dos estudantes.

Dessa forma, Ravi Passos, coordenador do projeto de extensão, deseja que o evento seja reconhecido e se perpetue, dada sua importância em viabilizar os elos entre acadêmicos, pessoas experientes no mercado e sociedade.

“Minha expectativa é que o próximo seja sempre melhor, maior e mais forte, e que traga felicidade aos participantes, daquela de construir junto, de novos conhecimentos, de novos amigos e coisas simples que situações como as que o projeto possibilita” complementa o professor.

Neste ano, 2023, UFG, PUC, Universidade Paulista (UNIP), Senac e Estácio estão entre as instituições participantes. O evento ocorrerá de 25 a 29 de setembro, com programação ainda a ser definida.

Para mais informações, consulte o instagram do projeto @seintegra.

Whatsapp: 6293618-6681

CONTATOS:

Ana Maria: anasouza1998@gmail.com

Anna Gabriela:anna.alves@discente.ufg.br

Luísa de Castro: 10luisa10@gmail.com

NOTAS

eXtêncil é uma série textual voltada para a apresentação dos projetos de extensão da FAV/UFG. A partir dela se apresenta e se discute como a comunidade da FAV desenha suas relações com a comunidade externa.

*Piter Salvatore é estagiário do curso de Jornalismo orientado pelo jornalista Renato Cirino e pela professora Luana Borges.