Premio Tiokô-Edgar

Ciberpajé: Artista e Professor da FAV/UFG é um dos premiados no Troféu Tiokô 2019

Por Cátia Ana Baldoino da Silva. Em 28/11/19 09:42. Atualizada em 28/11/19 09:44.

O Troféu Tiokô é considerado uma das mais importantes premiações culturais goianas destacando personalidades que se dedicam à promoção da cultura no estado. A distinção é outorgada pela Seção de Goiás da União Brasileira de Escritores, e na área das artes plásticas já premiou nomes como Siron Franco, Iza Costa e Antônio Poteiro.

Edgar

O artista e professor Pós-doutor Edgar Franco (FAV/UFG), também conhecido como Ciberpajé, receberá nesse ano de 2019 a "Medalha de Artes Plásticas Frei Confaloni", premiação para os nomes de destaque nas artes visuais que homenageia o notório Frei Giuseppe Confaloni (Viterbo Itália 1917 - Goiânia GO 1977), pintor, muralista, desenhista e professor.

 

A Seção de Goiás da União Brasileira de Escritores foi fundada em 1945. A partir de 1975, a UBE-GO passou a conceder o Troféu Tiokô aos talentos da produção cultural do Estado. A premiação surgiu, quando era Presidente da instituição o jornalista e escritor Jaime Câmara (1974-1976), responsável, também, por empreender uma revolução na comunicação, em Goiás. O Troféu Tiokô foi esculpido pela artista plástica Dina Cognoli. Italiana, escolheu Goiás para morar e dar evasão a sua arte.

 

A premiação Troféu Tiokô 2019 é aberta ao público e acontecerá no dia 03 de dezembro de 2019, no Auditório Costa Lima da Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, Alameda dos Buritis, 231, Setor Oeste, Goiânia - GO, a partir das 19:30hs.

 

Divulgação de todos os premiados do Troféu Tiokô no Jornal Opção.

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Dados biográficos do premiado Edgar Franco (Ciberpajé):

Nascido a 20 de setembro de 1971, em Ituiutaba, Minas Gerais, a arte entrou cedo na vida de Edgar Franco. Aos 12 anos publicou sua primeira história em quadrinhos (HQ) em um fanzine, desenvolvendo um amor constantemente renovado por esta forma de expressão. Graduou-se em arquitetura e urbanismo na Universidade de Brasília (UnB), onde iniciou suas pesquisas sobre a linguagem dos quadrinhos e suas conexões com a arquitetura. Anos depois o avanço dessa pesquisa veio resultar no livro História em Quadrinhos e Arquitetura, publicado pela editora Marca de Fantasia em 2004, com segunda edição lançada em 2012.

Em seu mestrado em Multimeios na Unicamp estudou as HQs na Internet, batizando essa linguagem híbrida de quadrinhos e hipermídia de HQtrônicas (histórias em quadrinhos eletrônicas), pesquisa que serviu como base para o livro HQtrônicas: Do Suporte Papel à Rede Internet editado em 2005 pela parceria entre as editoras Annablume e a FAPESP, com sua segunda edição publicada em janeiro de 2008. Em 2006 concluiu o doutorado em Artes na ECA/USP. Foi professor dos cursos de Ciência da Computação e Arquitetura e Urbanismo da PUC-MG (Unidade Poços de Caldas) durante 7 anos (2001-2008), tendo sido dez vezes professor homenageado pelos graduandos daquela instituição. Atualmente é docente Associado II da FAV - Faculdade de Artes Visuais da UFG - Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, onde também é professor permanente no Programa de Pós-graduação - Mestrado & Doutorado - em Arte e Cultura Visual e coordenador do Grupo de Pesquisa Criação e Ciberarte (CRIA_CIBER). Como pesquisador nas áreas de arte e tecnologia, transmídia, arte visionária, desenho e histórias em quadrinhos, possui quatro livros e dezenas de artigos publicados em capítulos de livros e periódicos e tem apresentado suas pesquisas, há mais de vinte anos, em
congressos como Intercom, Aspas, Compós, Anpap e SBPC.

Sua pesquisa de doutorado, Perspectivas Pós-Humanas nas Ciberartes, foi premiada no programa Rumos Pesquisa 2003 do Centro Itaú Cultural em São Paulo. Como ilustrador e quadrinhista possui centenas de páginas publicadas em revistas do Brasil e exterior como: Quadreca, Brasilian Heavy Metal, Nektar, Metal Pesado, Quark, Fêmea Feroz, Mephisto (Alemanha), Dragon's Breath (Inglaterra), Ah, BD! (Romênia), além dos álbuns solo Agartha, Transessência e Elegia, publicados pela Marca de Fantasia (UFPB); também Oráculos e Enteogênicos editados pela Criativo (SP) e BioCyberDrama Saga, em parceria com Mozart Couto, editado pela Editora UFG em 2013, com segunda edição em 2016. Em 2009 ganhou o Troféu Bigorna, premiação nacional concedida aos melhores das histórias em quadrinhos brasileiras por sua revista em quadrinhos Artlectos e Pós-humanos # 3. O obra de Franco como artista transmídia envolve também trabalhos criados para suportes hipermidiáticos, entre eles as HQtrônicas Ariadne e o Labirinto Pós-Humano, que integrou a Mostra de Artes - Sesc SP/2005 ; NeoMaso Prometeu, menção honrosa no 13º Videobrasil - Festival Internacional de Arte Eletrônica (Sesc Pompéia/2001) e O Mito Ômega, web arte envolvendo vida artificial e algoritmos evolutivos. Também é mentor do projeto musical performático Posthuman Tantra com o qual realiza performances cíbridas multimídia e que lançou dois CDs oficiais pela gravadora suíça Legatus Records, e três pela gravadora inglesa 412Recordings, sendo o grupo pioneiro no Brasil a utilizar realidade aumentada (RA) em suas performances que já aconteceram em quatro regiões do Brasil em eventos acadêmicos
nacionais e internacionais.

Em 2011 concluiu o pós-doutorado em Artes no Programa de Pós-graduação em Arte da Universidade de Brasília, Linha de Pesquisa Arte e Tecnologia. Desenvolveu a pesquisa "Aurora Pós-humana: Expansão de um Universo Artístico Ficcional Transmídia" no Grupo de Pesquisa Arte e Tecnociência, junto ao o Laboratório de Pesquisa em Arte e TecnoCiência, na FGA GAMA/UnB, como bolsista PDJ CNPq. Também em 2011, através de uma série de ações performáticas transmidiáticas, declarou-se Ciberpajé, identidade que assume desde então. Atualmente (2019) realiza pós-doutorado no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo, onde investiga as conexões entre os seus processos criativos de histórias em quadrinhos e performances artísticas.

A obra artística de Edgar Franco tem chamado a atenção de diversos pesquisadores acadêmicos, de múltiplas áreas, do Brasil e exterior, gerando inúmeras análises sobre elas em artigos e capítulos de livros, também nos 3 livros acadêmicos escritos sobre sua obra, sendo eles “Os Quadrinhos Poético-filosóficos de Edgar Franco” (Editora Marca de Fantasia, 2012), escrito pelo saudoso educador professor Dr. Elydio dos Santos Neto (UFPB); “Edgar Franco e suas Criaturas no Banquete de Platão” (Editora Marca de Fantasia, 2012), de autoria da comunicóloga professora Dra. Nadja Carvalho (UFPB); e “Agartha: Símbolos e Mitos nos Quadrinhos Poético-filosóficos” (Editora Marca de Fantasia, 2018), de autoria da bióloga professora Dra. Danielle Barros (UFSB). Além desses três livros, ao longo dos anos, já foram escritos artigos de pesquisadores das áreas de sociologia, antropologia, filosofia, letras, e artes dedicados a analisar suas obras, publicados em periódicos e anais de eventos em todo o Brasil e alguns no exterior, denotando o interesse inter e transdisciplinar despertado por suas criações. O Vol.7 N.15 (2017) da revista acadêmica Cadernos Zygmunt Bauman (UFMA) foi totalmente dedicado ao “Dossiê Ciberpajé: arte, vida e transmídia” que reuniu dez pesquisadores de oito universidades brasileiras e uma estrangeira com artigos inéditos tratando de múltiplos aspectos de suas criações artísticas e de sua atuação como artista-pesquisador. O dossiê, de mais de 200 páginas, é um testemunho do caráter interdisciplinar das obras do Ciberpajé, compreendendo artigos redigidos por pesquisadores doutores e doutorandos das áreas de história, comunicação, design digital, educação & saúde, música, artes e filosofia.

Recentemente as obras do Ciberpajé tiveram uma repercussão importante no exterior, pois foi lançado na Inglaterra em 2017 o livro "Posthumanism and the Graphic Novel in Latin America", publicado pela Oxford Press, com autoria de pesquisadores PhDs das Universidades de Bristol e Cambridge, dois dos maiores centros de pesquisa do mundo. A obra analisa o fenômeno pós-humano em quadrinhos criados no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e México. Os autores PhD. Edward King (Universidade de Bristol) e PhD. Joanna Page (Universidade de Cambridge) dedicaram um dos capítulos do livro às obras de Edgar Franco, focando na análise de produções artísticas transmídia de seu universo ficcional da "Aurora Pós-humana", dando especial destaque para o álbum em quadrinhos "BioCyberDrama Saga" publicado pela Editora UFG. Atualmente Javiera Irribarren - doutoranda da Universidade de Columbia, Nova Iorque/EUA - realiza pesquisa sobre ficção científica transmidiática na América Latina, tendo já redigido dois artigos acadêmicos sobre obras de Edgar Franco, que é um dos artistas enfocados em seu doutorado.

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Texto e imagens: Edgar Franco

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